27.8.08
DELIQUÊNCIA. COM. BR.
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O velório da democracia é o último dos velórios. O definhamento da democracia ou do momento democrático no mundo tem o seu subproduto no Brasil a partir do totalitarismo do bandido e do narcoterrorismo. A opressão da delinqüentocracia iniciada em meados da década de 1980 atingiu o seu ponto mais alto hoje, por ocasião das eleições. O fim da democracia está evidenciado pela incorporação, vista como natural, da delinqüência como princípio de Estado e de governo.
Ao desempenho melancólico do Brasil na Olimpíada corresponde outro pior ainda na democracia representativa, debilitando as convicções democráticas e os compromissos morais e éticos com o aprofundamento da democracia do cidadão. O Estado tornou-se um obstáculo à sociedade. Esta serve ao Estado, que serve ao bandido, que desserve a todos. Ruptura institucional flagrante.
As diversas manifestações do terrorismo contemporâneo demonstram a íntima colaboração entre ideologia, narcotráfico, religião, Estado e corrupção. Os atores encontram pontos de apoio e cumplicidade. O perdedor e inimigo é o cidadão honesto. Tapar buracos na segurança pública é promover uma farsa que beneficiará os predadores da democracia e da cidadania. Viraram pó. O mapa do perigo é o do Brasil.
Lamento, mas acabou o Estado de Direito Democrático no Brasil. Todas as grandes e médias cidades estão controladas pelo crime, de norte a sul. A noção de dentro e fora do Estado e do governo acabou. O crime destruiu as fronteiras do Estado. Ele é o Estado. A cultura democrática capitulou. Vários países mais bem colocados que o Brasil na Olimpíada têm observadores da Organização das Nações Unidas (ONU) para as eleições. Chegamos lá. Medalha de barro.
JOÃO RICARDO MODERNO
Presidente da Academia
Presidente da Academia
Brasileira de Filosofia