24.10.08
A Escolha de Sofia
Luís Mauro Ferreira Gomes
Em 23 de outubro de 2008
No próximo domingo, iremos, mais uma vez, às urnas, para decidirmos, em segundo turno, quem será o responsável pela administração, ou melhor, pela destruição da nossa Cidade, nos próximos quatro anos. Como tem sido comum, nenhuma das duas opções pode ser considerada digna do nosso voto.
Temos grande admiração por aqueles que já decidiram em quem votar, já que ainda não fomos capazes de fazê-lo, pois repugna-nos sufragar em qualquer dos dois postulantes, nesta que nos parece ser a escolha eleitoral mais difícil que já enfrentamos.
Não podemos esquecer a referência demagógica ou subserviente, mas inteiramente fora de contexto, que o candidato com cujas idéias e propostas mais nos identificamos, fez, ainda no primeiro turno, ao que chamou de “ditadura militar”. Além disso, ele cometeu o suicídio político ao procurar “colar-se”, despudoradamente, a duas figuras desprezíveis da vida pública nacional, tendo, inclusive, protagonizado o ridículo papel de “desculpar-se” com Lula, pelas verdades que disse, quando candidato à presidência da República.
Tudo para satisfazer à necessidade de bajular o poder do seu mentor atual, sob o pretexto de obter um apoio, dado a contragosto, que só lhe tirou votos.
A sedução de impor mais uma derrota ao presidente, um verdadeiro Midas ao contrário, que transformou em dejeto todas as candidaturas em que tocou (haverá alguém que ainda acredite na popularidade que lhe atribuem os institutos de pesquisas?), torna-se quase irresistível.
Mas será possível votar no outro candidato, se ele representa a negação de tudo aquilo em que cremos? Parece desnecessário fazer quaisquer outras considerações sobre isso.
Anular o voto, porém, está fora de cogitação. Nunca o fizemos, nem o faremos agora. No momento oportuno, tomaremos a nossa decisão, por mais que ela nos violente.
Estamos prontos para enfrentar a hostilidade daqueles que consideram as suas razões melhores do que as dos outros e que não nos perdoarão, não importa qual seja a nossa escolha. Escolha que talvez já tenha sido feita, fora do nível da nossa consciência.
Para o futuro próximo, é indispensável exterminar esse sistema político que nos obriga e escolher entre o muito ruim e o muito pior ainda. Assim, não dá!
O autor é Coronel-Aviador reformado.