26.10.08
Reflexões de um Cidadão Brasileiro no Dia do Aviador
Luís Mauro Ferreira Gomes
É sempre muito gratificante comparecer às comemorações do Dia do Aviador. Somente quem viveu, intensamente, a experiência de voar é capaz de compreender a emoção de cantar o Hino dos Aviadores Brasileiros, acompanhado por uma banda militar, no dia 23 de outubro.
E como é bom rever velhos companheiros, com os quais percorremos todos os rincões deste imenso País, como tripulantes das mais variadas aeronaves da Força Aérea Brasileira, ou com quem tivemos a oportunidade de trabalhar, como comandantes, comandados ou colegas, nas Unidades Aéreas, nas Bases, nas Escolas, nos Estados-Maiores, enfim, nas mais diversas Organizações da Aeronáutica.
Ver a vibração dos amigos agraciados com a Medalha da Ordem do Mérito Aeronáutico, igualmente, não tem preço.
Foi, portanto, nesse clima de grande sensibilidade que ouvimos a primorosa Ordem do Dia do Comandante da Aeronáutica. Ao concluir, Sua Excelência, em muito feliz alegoria, comparou o Brasil a uma “grandiosa aeronave, sempre em retilínea e ascendente trajetória rumo ao futuro”.
O clima era de celebração dos feitos extraordinários de Santos-Dumont e do uso heróico do seu principal legado – o avião – pela Força Aérea Brasileira, para a consolidação da nossa nacionalidade e da soberania e da integridade nacionais, papel também exercido com maestria pelas Forças Armadas coirmãs, o Exército Brasileiro e a Marinha do Brasil, de forma sempre integrada.
Apesar disso e da forte comoção que nos dominava, não deixamos de perceber, também, o que não fora dito:
A cabine de comando está dominada por terroristas que seqüestraram a aeronave e pretendem, a todo custo, destruí-la e escravizar os passageiros que sobreviverem.
Paradoxalmente, os tripulantes fingem não perceber a gravidade da situação e, às vezes, cooperam com os seus algozes, na vã esperança de que algum deles seja misericordioso e os leve ao destino com segurança, embora saibam, muito bem, que, entre eles, não há ninguém habilitado para tanto, e, menos ainda, quem queira fazê-lo.
É imperioso que os passageiros se livrem da quadrilha que os ameaça, pondo fim a essa interferência ilícita que já durou muito mais do que seria admissível, antes que os bandidos malgastem todo o patrimônio – simbolizado, aqui, pela aeronave grandiosa – herança deixada, com grande sacrifício, pelos nossos antepassados, ou que apareça algum estrangeiro para abatê-la, por simpatia aos terroristas, ou deles servindo-se como pretexto.
Aos demais passageiros que, conosco participam deste vôo trágico, desejamos um Feliz Dia do Aviador e que possamos, brevemente, começar a construir um destino melhor para a nossa aeronave, livre de todas as tempestades, que os terroristas seqüestradores têm criado.
O autor é Coronel-Aviador reformado.