30.11.08

 

A PRÓXIMA GUERRA



( Segue abaixo o relato de Mara Silvia Alexandre Costa, que passou recentemente em um concurso público federal e foi trabalhar em Roraima. Trata-se de um Brasil que a gente não conhece )

As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (RR) não pude resistir a fazer um relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui. Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde engenheiros até pessoas com um mínimo de instrução. Para começar o mais difícil de encontrar por aqui é roraimense, pra falar a verdade, acho que a proporção é de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável, tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto falta uma identidade com a terra.
Aqui não existem muitos meios de sobrevivência, ou a pessoa é funcionária pública, e aqui quase todo mundo é, pois em Boa Vista se concentram todos os órgãos federais e estaduais de Roraima, além da prefeitura é claro. Se não for funcionário público a pessoa trabalha no comércio local ou recebe ajuda de Programas do governo. Não existe indústria de qualquer tipo. Pouco mais de 70% do Território roraimense é demarcado como reserva indígena, portanto restam apenas 30%, descontando-se os rios e as terras improdutivas que são muitas, para se cultivar a terra ou para a localização das próprias cidades.Na única rodovia que existe em direção ao Brasil que liga Boa Vista a Manaus, (cerca de 800 km) existe um trecho de aproximadamente 200 km da reserva indígena Waimiri Atroari por onde você só passa entre 6:00 da manhã e 6:00 da tarde, nas outras 12 horas a rodovia é fechada pelos índios (com autorização da FUNAI e dos americanos) para que os mesmos não sejam incomodados.
Detalhe: Você não passa se for brasileiro, o acesso é livre aos americanos, europeus e japoneses. Desses 70% de território indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem uma grande burocracia e autorização da FUNAI.Detalhe II: Americanos entram na hora que quiserem, se você não tem uma autorização da FUNAI mas tem dos americanos então você pode entrar... A maioria dos índios fala a língua nativa além do inglês ou francês, mas a maioria não sabe falar português. Dizem que é comum na entrada de algumas reservas encontrarem-se hasteadas bandeiras americanas ou inglesas.É comum se encontrar por aqui americano tipo nerds com cara de quem não quer nada, que veio caçar borboleta e joaninha e catalogá-las, mas no final das contas pasme, se você quiser montar um empresa para expo rtar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí camu-camu etc, medicinais, ou componentes naturais para fabricação de remédios, podese preparar para pagar 'royalties' para empresas japonesas e americanas que já patentearam a maioria dos produtos típicos da Amazônia.Por três vezes repeti a seguinte frase após ouvir tais relatos: É os americanos vão acabar tomando a Amazônia - e em todas elas ouvi a mesma resposta em palavras diferentes.. Vou reproduzir a resposta de uma senhora simples que vendia suco e água na rodovia próximo de Mucajaí: Irão, não, minha filha, tu não sabe, mas tudo aqui já é deles, eles comandam tudo, você não entra em lugar nenhum porque eles não deixam. Quando acabar essa guerra aí eles virão pra cá, e vão fazer o que fizeram no Iraque quando determinaram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra, aqui vai ser a mesma coisa. A dona é bem informada não? O pior é que segundo a ONU o conceito de nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena.
O que pode levar os americanos a alegarem que estarão libertando os povos indígenas.Fiquei sabendo que os americanos já estão construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil numa parceria com o governo colombiano com o pseudo objetivos de combater o narcotráfico.Por falar em narcotráfico, aqui é rota de distribuição, pois essa mãe chamada Brasil mantém suas fronteiras abertas e aqui tem Estrada para as Guianas e Venezuela. Nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada,principalmente se for americano, europeu ou japonês, (isso pode causar um incidente diplomático). Dizem que tem muito colombiano traficante virando venezuelano , pois na Venezuela é muito fácil comprar a cidadania venezuelana por cerca de 200 dólares. Pergunto inocentemente às pessoas; 'Porque os americanos querem tanto proteger os índios?'A resposta é absolutamente a mesma; porque as terras indígenas além das riquezas animais e vegetais, da abundância de água são extremamente ricas em ouro (encontram-se pepitas que chegam a ser pesadas em quilos), diamante, pedras preciosas, minério e nas reservas norte de Roraima e Amazonas, ricas em PETRÓLEO.
Parece que as pessoas contam essas coisas como que num grito de Socorro a alguém que é do sul, como se eu pudesse dizer isso ao presidente ou a alguma autoridade do sul que vá fazer alguma coisa. É pessoal, saio daqui com a quase certeza de que em breve o Brasil irá diminuir de tamanho. Um grande abraço a todos. Será que podemos fazer alguma coisa? Acho que sim.
Divulgue para que um maior número de brasileiros fique sabendo desses absurdos.
Mara Silvia Alexandre Costa, Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag. Patog. FMRP - USP.
Opinião pessoal: Gostaria que você, especialmente que recebeu este e-mail, o repasse para o maior número possível de pessoas. Do meu ponto de vista seria interessante que o país inteiro ficasse sabendo desta situação através dos telejornais antes que isso venha a acontecer.Afinal foi um momento de fraqueza dos Estados Unidos que os europeus lançaram o Euro, assim poderá se aproveitar esta situação de fraqueza norte-americana (perdas na guerra do Iraque) para revelar isto ao mundo a fim de evitar a próxima guerra.
Conto com sua participação, no envio deste e-mail. Celso Luiz Borges de Oliveira, Doutorando em Água e Solo FEAGRI/UNICAMP
LINKS RELACIONADOS :
http://lycarion2007.blogspot.com/2007/05/desabafo-de-quem-est-l.html

http://lycarion2007.blogspot.com/2006/12/governo-contrabandista-do-nibio.html


14.11.08

 

Curriculum Vitae - Dilma Roussef

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OBAMA, OSAMA E OBRAMA




..OBAMA NOS EUA





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OSAMA NO AFEGANISTÃO


OBRAHMA NO BRASIL


















7.11.08

 

Como Vargas !


No programa de sábado, na Globo News, a comentarista Cristiana Lôbo disse:

'Lula confessou aos amigos que quer ser lembrado pelo seu 2º mandato como um grande estadista, tal como Getúlio Vargas.'
Muito justo... A idéia me parece excelente, mas tem a pergunta que não quer calar:
- O suicídio.... será quando?

6.11.08

 

Nós, os normais


" Simples reflexão sobre líderes: nem eles são mais os mesmos "

Marli Gonçalves

Só agora estou entendendo melhor a alegria e disposição com a qual foi recebida e multiplicada uma mensagem anterior minha. Demorou a cair a ficha de por que centenas de mensagens citavam e glorificavam a “minha coragem”. Juro que no começo não entendi, até porque tudo o que escrevi, além de meu próprio pensamento, simplesmente captava o que cansei de ouvir, comentários que me foram feitos e com os quais sempre concordei, além de impressões próprias e pessoais. Vida vivida - sabe como é?
Mas é que nós todos estamos vivendo há algum tempo o “momento pasmaceira”. As coisas vão acontecendo, terríveis, abusivas, e nós as vamos simplesmente assistindo. Porque amanhã virão outras, e assim sucessivamente. Todos andando em direção ao abismo, tropeçando nas ruas e calçadas esburacadas das ruas do país, em filas desordenadas, como autômatos. Paramos um pouco quando a tevê grita mais forte que mataram uma criança, afogaram outra, balearam mais uma. Continuamos a marcha. Aí a tevê nos alerta de que há uma crise – e os líderes aparecem negando, rápido, falando em ondinhas e marolinhas. Continuamos andando e vem o dia 1º, o 5, o 10, o 15, o 20... e depois, de novo, o mesmo ciclo. Enchentes, bombas, terremotos parecem tão normais, tão previsíveis! Tiroteios, balas perdidas, seguidas declarações estapafúrdias, autoridades batendo cabeça, entre si, e na mesa.
As contas e obrigações chegando por todos os poros, entrando sub-repticiamente por debaixo da porta, aquele barulho do papel rastejando no chão, boletos enfiados nas caixas de correio, chegando agora até pelo e-mail. Corra para pagar, senão eles cortam, te ameaçam. Pouco importa o que haja com você. Não pague, para ver! Não pague para ver. Quer um exemplo? Não gasto mensalmente nem 5 ou 6 metros cúbicos de gás, já que quase não paro em casa. Mas a conta é sempre de 15 metros cúbicos! Essa é a “lei”. Há anos é assim, sempre há uma tal taxa mínima, e as empresas não têm qualquer custo a mais. É assim com telefone, luz, gás, tevê a cabo. (Aliás, viver sozinho é caro, muito caro. Muitas mensagens que recebi falavam disso, das dificuldades e preços abusivos, da falta de produtos em embalagens individuais no mercado, falta de opções para pessoas sozinhas, solteiras ou não, com filhos, netos, bichos, ou não).
Nós, os normais, continuamos nossa marcha, entre murmúrios para nós mesmos, nas mesas dos bares, nos ônibus. No trânsito, parados, quantas vezes nos olhamos de um carro a outro, solidários? Mas silenciosos da boca para fora.
Nas ruas das grandes cidades deparamos com a miséria em cada esquina. Pessoas vivendo de lixo, catando lixo, se misturando ao lixo, como sacos pretos – como se estivessem fundidas a toda aquela sujeira; pessoas portáteis dormindo nas ruas, viadutos, cantinhos; crianças e mais crianças, alugadas por mães verdadeiras ou não. Nós passamos. Nós, os normais, tentamos até ajudar, mas sozinhos não conseguimos muito. Os malabaristas coloridos surgem nos faróis e até nos distraem um pouco. Somos como aquelas bolinhas que eles equilibram. Mas somos mais ainda as bolinhas que caem, agüentando desaforos de toda sorte, pensando que amanhã será diferente.
Aí ficamos doentes. Pagamos caros seguros-saúde e planos, já sabendo que quando deles precisarmos farão de tudo para que a gente sofra ainda mais um pouquinho. Mas se a gente não tem, como esperar meses por um exame na rede pública? Do que adianta ter ido ao médico, ver se estamos com diabetes, algum tumor? O que são meses? E quantos não morrem enquanto esperam?
Somos maltratados nas instituições, nos serviços públicos, nas centrais de atendimento. Os autômatos estão aborrecidos, infelizes. Vão descontar em você, e você que também é um deles pode até se aborrecer, também. Do que adianta a gente brigar com aquele único caixa do banco que enfrenta sozinho a fila quilométrica? Como lutar contra o sistema? Contra a musiquinha do telefone em que te penduram?
Nós, os normais, como sonâmbulos, continuamos caminhando, com nossas cabeças cheias. O sorriso, o bom dia, boa tarde, boa noite, o obrigado, o “dá licença”, o ”por favor”some – às vezes não são ditos nem dentro do elevador do prédio em que moramos!
Revolta total! Sair do país! Você tem passaporte? Já tentou tirar um? Se tiver papel (!!!), leva alguns meses, algumas filas. Isso se não perderem toda aquela documentação que juntou, como aconteceu com uma senhora, que me contou – estrangeira, há 33 anos aqui no Brasil, queria votar. Já desistiu.

A verdade é que nós estamos com muita coisa entalada na garganta. E engasgados. Faltam-nos forças. E nos faltam líderes, locais, globais ou universais. Faltam-nos microfones e tribunas livres onde possamos buscar as melhorias sem medo, melhorias que envolvem nosso dia-a-dia, que dizem respeito a coisas que são importantes para as pessoas, valores perdidos. Ética, cidadania, assistência viraram palavras ao vento de discursos; o bem virou merchandising.

Só assim entendi que eu dizia o que todos achavam, sobre as falsidades (de Dona Marta, logo ela!), da lerdeza do senador, das falcatruas e leviandades eleitorais que acabaram se confirmando, de duas ou três coisas mais que achei por bem definir. As pessoas pensavam, mas nunca tinham dito isso “da boca para fora”. Como um fio condutor de eletricidade à tomada, chamaram-me de “porta-voz”. Muitos disseram que eu havia tirado “as palavras de sua boca”. O que chamou muito a atenção foi que muitos, muitos mesmo, me contaram que os levei imediatamente a um despertar de suas próprias vidas, e isso se traduziu em mudanças ou em orgulho de suas próprias existências e desafios, em coisas do dia-a-dia. Que responsabilidade!
Não foi nenhum rompante inesperado de coragem. Foi só um suspiro mais alto, o que me valeu toda sorte de acusações, até a de “não existir”, ou ter “ganho para isso”.
Em compensação, daqui de onde escrevo hoje sei que falei por milhares. Já os chamo de novos amigos esses “normais” que acabaram por me tornar muito mais responsável do que ousei um dia imaginar. Porque descobri que estou lá, junto com um monte de gente também acordada, ou louca para acordar, na beira do abismo. Esperamos o alarme tocar, algo que possa nos despertar desse torpor.
E antes que a tevê grite que não há mais tempo para fazer nada.
Marli Gonçalves, jornalista, solteira, sem filhos, e pronta para acionar o alarme.
SP, 4 de novembro de 2008.

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